sábado, 27 de fevereiro de 2010

[Conto] Pagão (parte XI)

Era uma vez uma mosca.
Um dia ela caiu numa teia de aranha. Tinha certeza de que iria morrer, podia sentir o sopro da morte em suas asas.
A aranha sai de seu esconderijo. Oito patas, muitos olhos, mandíbulas famintas.
A mosca buscou algo para se salvar, em vão.
A aranha sentia-se vitoriosa. Movia-se o mais rápido que podia. Adorava moscas novas, especialmente as medrosas. Dava prazer em engoli-las. Dava prazer em sentir suas vidas indo embora.
A mosca via a sua predadora vindo para devorá-la enquanto tentava soltar-se. Desespero e esperança se misturavam enquanto ela encarava os muitos olhos da aranha. Olhos que diziam que sua vida tinha acabado, que já era tarde demais.
Ainda achava que poderia negociar com a aranha. Talvez se...
Mas já era tarde demais, a aranha arrancara a cabeça da mosca.

A esperança é a frustração essencial.

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