segunda-feira, 30 de maio de 2011

"Dizem que sou louco...

... por pensar assim..."

E digo: talvez realmente o seja, por que não?
Há muito que a loucura deixou de ser pejorativa para mim, afinal se ainda o fosse eu com certeza não teria este espaço, teria escrito tanto (e ainda assim tão pouco, me parece), refletiria sobre nosso rumo, nossos distúrbios e deficiências.

Só um louco se deixaria, em pleno século XXI, imergir em assuntos tão ultrapassados, tão demasiadamente humanos para a sociedade autômato-tecnológica que nos esmaga.

-Todos são felizes.

-Todos devem ser felizes

-Problemas? Fuja da realidade.

-Não há porque questionar a sociedade.

-Nós formamos um conjunto. A vida privada de nada serve.

Tais ideias formam a base do mundo descrito no livro Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, um dos meus livros preferidos.

Tais ideias também (tristemente) refletem a mentalidade condicionada da maioria das pessoas.

É por isso que me acham louco.
É por isso que eu (e outros poucos) somos REALMENTE loucos, poetas, espíritos livres.
Colocamos nossos óculos vermelhos e nos posicionamos frente ao sol.

Para todos somos como sombras. Criaturas macabras, insanas, aterradoras, mas eles esquecem (ou desconhecem) que muito mais macabro, insano e aterrador é o abismo para o qual caminham em marcha ré.

"Eu juro que é melhor não ser um normal..!"


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sexta-feira, 27 de maio de 2011

Mais um grito no vácuo

CHEGA!
Senilidade juvenil é a epidemia do momento.
"Troque o seu cérebro por amigos novinhos*!
Eles falam, riem, contam piadas, namoram e até organizam festas! (É isso mesmo!)
Você nunca estará só, sabe como é, para não refletir!

*Se por acaso seus amigos apresentarem defeitos (choro, ansiedade, tristeza e, principalmente, pensamentos reflexivos) é só se apresentar no nosso fantástico gabinete virtual e trocaremos todos para você!"

CHEGA!
As vidas ficaram tão sem graça, tão sem objetivo,tão, num paradoxo, claramente obscuras, que precisamos de métodos para fugir da realidade.

CHEGA!
Pessoas não são mais a essência, a atmosfera, a energia que emanam, mas sim o tênis, a camisa, o relógio, a pulseirinha do equilíbrio.

CHEGA!
Liberdade = promiscuidade.

CHEGA!
A felicidade agora é um conceito palpável, uniforme. Não mais depende da subjetividade de cada um. Aliás, o que é isso?

CHEGA!
Me recuso a imergir nesse Admirável Mundo Novo que o magnífico Aldous Huxley anteviu em suas obras.

CHEGA!
Sei que isso é apenas mais um grito no vácuo...


... mas com um certo número de gritos talvez nem mesmo o Vazio possa se fazer surdo.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Status: Online

"Ei, me add aí no facebook!"

Uma frase cada vez mais comum nos dias de hoje, onde a internet conecta todos a um suposto tudo. Esqueçam as etnias, línguas, a cultura e as classes econômicas, a nova maneira de dividir a sociedade agora é o acesso ou o não acesso à rede mundial de computadores.

"Ei, me segue no twitter!"

"Seguir". Muitas pessoas se sentem felizes ao ver na tela do computador aquelas 230.000 pessoas que leem (ou não) suas inúteis frases auto-expositoras. Que profético!

"Ei, faça uma pergunta no meu formspring!"

E isso?
As perguntas, dentre outras funções, servem para abrir algumas portas rumo ao núcleo subjetivo da pessoa. Qual seria, então, o sentido de DESEJAR que qualquer um te faça perguntas de qualquer natureza para que você possa responder?

Minha percepção é a de que estamos cada vez mais proximos da extinção da privacidade. O nosso desejo de reconhecimento e de admiração está nos forçando a andar além da linha do bom senso.
O twitter pra mim é o que há de mais nocivo à vida pessoal de um cidadão. O pior é que quem entra nesse samba de saia sem calcinha geralmente não percebe que sua individualidade está sendo gradativamente estuprada, até chegar ao ponto de, em algum caso, não haver mais barreiras para a auto-exposição, acontecendo dentro e fora da internet.
Queremos ser famosos. Nosso parâmetro de felicidade é a fama, o quanto a sua máscara social é conhecida e reconhecida pelos outros. Já que a grande maioria de nós não tem nada de extraordinário (ou não tem coragem de fazer algo extraordinário), a maneira mais socialmente aceita de conquistar a fama é através dos canais da internet. Daí é que surgem os NetFreaks, os Trolls e suas categorias adjacentes.
Para ser sincero este blog também é uma tentativa de projeção de minha parte, porém tento sempre me manter afastado do ridículo. Não tenho estômago para "freakisses". Meu objetivo principal com este espaço é tentar colocar um pouco de seriedade e reflexão nessas páginas tão desconexas, sem propósito. Se você me perguntasse se eu desejaria ser famoso provavelmente responderia que não, mas sim, eu quereria. É uma idéia-chiclete. Quando você a concebe instintivamente você procura atingir o objetivo final, mesmo que não se tenha consciência disso.

Como não ser afetado pela eminente perda de privacidade, tanto nos ambientes virtuais quanto nos reais?
Creio que não haja salvação.

Uma vez em contato com a Besta, sempre ligado à Besta.