quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Aos politicamente corretos e afins.

É fim de ano.
É tempo de fazer planos, é tempo de prometer e lutar por mudanças.
É época de sonhar com um mundo melhor, de superar as injustiças do nosso cotidiano.
É tempo de refletir.
É tempo de meter o dedo nas feridas mais fechadas possíveis e fazer os operadores de sua cicatrização forçada e impositiva enxergarem suas ações do modo que enxergam as ações de pessoas que desaprovam.


De quem eu falo? Dos politicamente corretos, mas é claro!
Por onde começar...? Ah sim: pelo fato de que o politicamente correto é excludente e perverso. É a imposição das idéias de uma minoria que busca, dessa maneira, submeter o povo, inocente em sua ignorância intelectual, a um pensamento padrão, reduzindo a criatividade e seqüestrando o talento para, principalmente, a comédia e a música. Isso é uma atitude perversa que se compara, por que não, à técnicas nazistas de doutrinação ou à propaganda bélica estadunidense durante a guerra fria.
E que tal se falarmos da utilização desmedida de eufemismos e da adoração de pessoas que, muitas vezes em vida foram extremamente contrários aos ideais de todos os politicamente corretos (como o afamado Che Guevara)? E se juntarmos isso à uma “releitura” histórica que altera (suprimindo, adicionando, invertendo papéis) os eventos registrados na historiografia e, dessa maneira, justificam atitudes dos politicamente corretos?
Isso é um meio perverso de coerção social no qual o indivíduo popular está isento de participação nos processos de modelação da cultura vigente em seu tempo de vida. Isso é um absurdo das elites intelectuais que tentam estabelecer seu plano nefasto de empobrecimento da cultura popular em favor da exportação da cultura estadunidense-européia


Atacar outras correntes de pensamento com argumentos generalistas, comparando-os aos nazistas ou aos muy odiados americanos é algo que muito freqüentemente é utilizado em discursos politicamente corretos (que no geral tendem para inclinações políticas de esquerda), mas, quando se pára para analisar percebe-se o quão hipócritas tais palavras são, pois seus próprios enunciadores se utilizam dos métodos que acusam, se forem fazer uma autocrítica da mesma maneira que criticam raciocínios discordantes. Querem ver o pior? Isentam a entidade mítica "Povo" (que tal como o Governo, o Estado, o Capitalismo, não são palpáveis, são idéias fixas para pessoas mutáveis) de qualquer participação no processo de apoio ou repúdio às idéias, além de se intitularem como os "Guardiões" desse "Povo" tão ingênuo e bondoso.
Eu cuspo em tudo isso.

Não tenho nada mais a dizer.
Um bom réveillon e um feliz 2012.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Balada do Asfalto - Zeca Baleiro

Música de difícil compreensão, mas que apresenta toda a facilitada complexidade do mundo moderno.
Imersos em romantismos, filmes, novelas e propagandas seguimos sem perceber a falsidade e a fragilidade dos nossos costumes de senso-comum.





Me dê um beijo, meu amor
Só eu vejo o mundo com meus olhos
Me dê um beijo, meu amor
Hoje eu tenho cem anos, hoje eu tenho cem anos

E meu coração bate como um pandeiro num samba dobrado
Vou pisando asfalto entre os automóveis
Mesmo o mais sozinho nunca fica só
Sempre haverá um idiota ao redor

Me dê um beijo, meu amor
Os sinais estão fechados
E trago no bolso uns trocados pro café

E o futuro se anuncia num out-door luminoso
Luminoso o futuro se anuncia num out-door

Há tantos reclamos pelo céu
Quase tanto quanto nuvens
Um homem grave vende risos
A voz da noite se insinua
E aquele filme não sai da minha cabeça
E aquele filme não sai da minha cabeça

Rumino versos de um velho bardo
Parece fome o que eu sinto
Eu sinto como se eu seguisse os meus sapatos por aí
Eu sinto como se eu seguisse os meus sapatos por aí

Há alguns dias atrás vendi minha alma a um velho apache
Não é que eu ache que o mundo tenha salvação

Mas como diria o intrépido cowboy, fitando o bandido indócil
A alma é o segredo, a alma é o segredo
A alma é o segredo do negócio


http://www.vagalume.com.br/zeca-baleiro/balada-do-asfalto.html#ixzz1hZwxprb3