terça-feira, 12 de maio de 2009

Homem-Bomba

A vida na cidade grande deixa qualquer um louco, pode ter certeza. Trânsito, trabalho, esposa, filhos, sexo, comida, hipocrisia, futebol, traição...

O problema é quando você se perde nessa loucura, aí sim é que você se torna alguém potencialmente maluco, uma bomba pronta pra explodir a qualquer momento, levando tudo num raio de 100 quilômetros de você e espalhando uma radiação mortal por todo lugar, infectando milhões de seres vivos.

Pois é, eu sou maluco, e eu estou a ponto de explodir.

Nesse exato momento dirijo meu carro esporte do ano por uma cidade totalmente congestionada, estou parado a mais de meia hora no mesmo lugar. Minha nuca começa a doer, sinto uma náusea terrível, e uma raiva bombástica crescendo no meu peito. Vontade de xingar o motoboy que tirou fino do meu carro, vontade de bater no filho da puta do motorista do ônibus que está na minha frente, vontade de sumir, desaparecer por completo!

Mas nem posso considerar esse inferno como a pior parte do retorno ao lar. Quando chego em casa minha esposa sempre me vem com uma nova, uma micro-bomba virótica que devora minhas células de paciência, que me fazem perder a cabeça pela menor infiltração na cozinha, pela mais besta aranha no guarda roupa. E depois ela pergunta por que eu estou tão nervoso, estressado. A resposta é simples, tudo! Pra completar ainda tem aquela prole detestavelmente fútil que minha esposa insiste em chamar de “nossos filhos”. Filhos a puta que pariu! Eu nunca poderia ter filhos desse tipo! Não uma piranhazinha que eu tenho certeza já deu pra muito marmanjo por aí e um playboyzinho metido a gostoso. Coitados, eu queria que estivessem mortos.

Quando saio de casa procurando um pouco de paz nos braços da minha amante ainda tenho que agüentar os irritantes e insistentes pedidos pra largar minha esposa, o que eu faria, de fato, com o maior gosto, não fosse a influência de meu sogro.

Sabe do mais? Cansei.


***


Nunca pensei que fazer isso fosse me fazer sentir tão bem.

Matar uma família como a minha é algo que liberta qualquer cidadão. Não pude reter o prazer de ver o ódio e o medo nos olhos de minha ‘querida’ esposa quando afundei o martelo em seu frágil crânio, ou a cara de medo do infeliz playboy que dizia ser meu filho. Mas a melhor parte veio depois, a pequena puta, na beleza de seus 15 anos, não resisti, tive que desfrutar do que todos tinham desfrutado. Vendo que ela nem sequer chegou perto de rejeitar minha aproximação ou penetração, matei-a lenta e dolorosamente, pra ela se lembrar do que ela fez com seu corpo.

Aqui se faz aqui se paga.

***


Por fim, minha preciosa amante.

Cheguei lá como sempre faço, entrei como de costume, fiz sexo com ela normalmente. Depois eu assumi cada crime, orgulhoso do meu feito, e terminei a noite com a cabeça dela num saco no meu porta malas.

Agora, olhando pelo cano dessa arma que me parece tão atrativa, tão libertadora, tenho mais um momento de nostalgia, sentindo a carne se desfazer por sob a pressão do martelo.

E é chegado o momento de minha liberdade, enfim.


Um comentário:

MeNina disse...

Ai. Não consigo achar um adjetivo pra esse texto. Pesado, isso. Muito pesado. Ai, véi, me deu até uns arrepios aqui.