Ele estava deitado em
sua cama, como em milhares de noites antes dessa. Pensava da forma vaga e
imprecisa na qual pensamos quando estamos prestes a entrar no torpor do sono
quando um pensamento sóbrio lhe cruzou a cabeça: “finalmente parece que tudo
está se acertando”.
Sentiu alegria, alívio,
serenidade. Medo.
“Medo?” pensou,
voltando à plena consciência. “Medo do que? Por que eu teria medo de estar tudo
bem?!”
Passou alguns minutos
no escuro, o som do ventilador de teto como seu companheiro. Em sua cabeça
milhares de vozes, todas suas, tentavam encontrar um “por que” pra esse medo
súbito. Ansiedade aumentava em seu peito.
Após alguns longos
minutos de angústia na escuridão a resposta lhe veio como um tapa: “tenho medo
de que possa morrer justo agora. Tenho medo de perder esse conforto, tenho medo
de não ser bom ou merecedor o suficiente. Tenho medo.”
Ficou estupefato com
sua conclusão. Encarou o escuro longamente (e dessa vez sem suas várias vozes
internas), deitou e tentou dormir. Depois de alguns minutos de ansiedade e
estupefação, dormiu.
O dia seguinte nunca
veio.
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