terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Medo Noturno


Ele estava deitado em sua cama, como em milhares de noites antes dessa. Pensava da forma vaga e imprecisa na qual pensamos quando estamos prestes a entrar no torpor do sono quando um pensamento sóbrio lhe cruzou a cabeça: “finalmente parece que tudo está se acertando”.

Sentiu alegria, alívio, serenidade. Medo.

“Medo?” pensou, voltando à plena consciência. “Medo do que? Por que eu teria medo de estar tudo bem?!”

Passou alguns minutos no escuro, o som do ventilador de teto como seu companheiro. Em sua cabeça milhares de vozes, todas suas, tentavam encontrar um “por que” pra esse medo súbito. Ansiedade aumentava em seu peito.

Após alguns longos minutos de angústia na escuridão a resposta lhe veio como um tapa: “tenho medo de que possa morrer justo agora. Tenho medo de perder esse conforto, tenho medo de não ser bom ou merecedor o suficiente. Tenho medo.”

Ficou estupefato com sua conclusão. Encarou o escuro longamente (e dessa vez sem suas várias vozes internas), deitou e tentou dormir. Depois de alguns minutos de ansiedade e estupefação, dormiu.

O dia seguinte nunca veio.

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