Os pilares jaziam em
parte estraçalhados no chão em parte em ruínas no centro da clareira. A era do
não-Tempo havia chegado há muito e, mesmo quando o velho ainda estava presente
sua força não era mais sentida.
A esfera, antes
azulada, límpida, agora era uma massa de rocha, poeira e concreto. Cinza e
amarela, um deserto da não existência. O resultado de uma insistência.
Realidade, Ficção,
Utopia, Distopia, Verdade, Mentira, Vida e Morte choravam a queda do pilares.
Esperavam pelo Fim, que não mais viria junto ao Início, mas sozinho em sua
derradeira aparição naquele plano sem motivos para continuar existindo. E sua espera foi-lhes
recompensada. Fim ali fez-se presente, integro em sua ausência de forma,
tranquilo com a destruição inevitável.
Estendeu sua energia
sobre os outros e preparou-se para finalizar toda existência, mas algo o
conteve. Uma força nova naquele mundo de velhos, uma nova criação, uma
existência mais forte e mais presente que o próprio Tempo, uma criatura com ares
de criador, um destruidor movido por desígnios superiores.
Filho de uma brisa,
Oblívio ali estava. Os rostos que a ele olhavam mostravam-se vazios de medo,
desejosos do fim. Eram deuses sem poder.
- Reis e rainhas de uma
esfera morta, vocês nada são. Vocês para o nada irão; o fim esperado por vocês
pode ser nobre, porém inútil. Queixam-se do egoísmo do Tempo, mas agem da mesma
maneira. Ignoram, por acaso, a existência dos outros planos? Ignoram o passado,
em todas as suas variáveis? Ignoram as memórias, os pilares?! – Aproximou-se do
Fim e tocou-o – Você, que através da destruição renova o que morreu, compreende
qual a minha tarefa. – Virou-se para os outros – Vocês, que vivem egoístas
existências duplas, não entenderão e provavelmente me amaldiçoarão. – Virou-se
para as ruínas dos pilares – Mas o que deve ser feito será feito.
Os pilares
inflamaram-se com uma luz ígnea e desfizeram-se em fuligem como se fossem
feitos de carvão, deixando uma enorme cratera onde por eras estiveram os
sustentáculos da esfera.
E num piscar de olhos a
floresta, a clareira, a esfera e tudo o mais foi sugado para o centro daquele
buraco.
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