quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Naufrágio

Vozes me dizem
Que dizer a você
Que não vê
Que não quer

E nessa tarde
Que rezo o mar
Sem te ver
Sem chegar

Ouço nas ondas
Vontade a gritar
O fulgor
O calor

Um marinheiro
Sem terra natal
E o naviu
Naufragou

Vento me abraça e diz
Caminho a tomar
A nau ainda imerge
Sob as ondas do mar

Aqueles marinheiros
Estão tentando nadar
No oceano de opulenta dor
Nós vamos flutuar

Distante a ilha
Neblina no ar
Vou nadar
Vou cansar

Nado, não chego
Noite vem luar
Solidão
Evasão

Não há sereias
Ou monstros do mar
Redenção
Ou perdição?

Olho pro alto
Silêncio mortal
Naufragou
Minha nau

A esperança rota agora
Quer me abandonar
Mas nela me agarro
Pois não quero me afogar

A ilha no horizonte
Tão distante de alcançar
Parece caçoar de mim
"Aqui não vais chegar"

Ouçam minha súplica
Ó grandes Deuses do mar
Salvem este seu servo
De uma triste morte ao mar

Na noite longa e negra
Meus gritos a ecoar
Do sono oco e cinza
Eu estou pra acordar

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