sábado, 15 de maio de 2010

Cacos

Acordara.
Mais um dia, mais uma vida, mais uma face, mais uma alma.
Sentia-se cansado, de uns tempos pra cá não consegue relaxar nem enquanto dorme. Elas são muitas, elas mechem com sua cabeça, tiram sua estabilidade, brincam com sua sanidade.
Tempos atrás elas não existiam. Tempos atrás apenas seu eu reinava em sua mente. Mas agora as coisas mudaram. Por que tinha que ser assim?
Não tem mais certeza de nada.
Abre os olhos, senta-se na cama, olha para as cortinas fechadas.
Olha para o ventilador de teto.
Olha para a porta. Levanta.
Agora não sabe mais se ele é especial, se ele é único. Por que?
Como foi que isso começou?
Olha para o espelho.
Como deixou que elas avançassem tão fundo dentro de suas convicções?
Sentia-se violado. Sentia-se esvaziado.
Nada que foi dito era verdade.
Ou era?
Baixa os olhos, fecha-os.
As incertezas acordaram e não iriam deixá-lo em paz até que sua mente fosse dormir.
Ou talvez nem assim.
Ele não acreditava na fraternidade entre seres humanos.
Ele não acreditava que pessoas poderiam ser boas de graça.
Ele acreditava no fim.
Agora não mais.
Agora sua cabeça o indagava por minuto sobre tudo o que pensava.
Agora se sentia fragilizado, indefeso, inconvicto, infiel.
Como tudo isso começara?
Lembra-se do sol.
Lembra-se dos risos.
Lembra-se da música.
Lembra-se de sentir quebrado com o fim.
Agora segue sustentando uma face oca. Face que começa a se desgastar, face que começa a mostrar os ossos, face que se esvairá em pouco tempo.
Odeia sentir-se assim.
Seu ego diz que é idiotice acreditar nas insinuações delas.
Elas dizem que é idiotice continuar sustentando a face podre.
Ele terá que escolher...
Ou não.

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