segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O Novo Homem



Em sua superfície tudo parecia perfeitamente normal, tudo nos conformes.

Não era feio, usava roupas normais, vida social relativamente boa, tinha uma quantidade considerável de amigos.

Seus pais o amavam, seus amigos o amavam, sua vida o amava.

Mas ele não.

Por baixo da pele seus ossos pareciam ferir-lhe a carne, cavando, cortando, lacerando, procurando um meio de encontrar a luz, de sair da escuridão de seu interior.

Seus olhos, globos de vidro que sempre se refletiam felizes, traziam, em seu núcleo, a confusão e a incerteza que parasitavam sua alma.

Sua garganta, afinado reprodutor de desejos, era uma erupção de silenciosos gritos dolorosos de angústia e aflição mentais.

Eis ele, que tudo comanda.

Eis ele, que tudo vê.

Eis ele, O Novo Homem!



3 comentários:

MeNina disse...

Olha, pra esse eu paguei pau. Muito bom! Tanto o texto quanto o desenho. Aliás, encontrei a descrição de diversas criaturas que conheço nesse texto, rs.

Beijo, seu mórbido chato!

MeNina disse...

Você é tapado mas é inteligente pra caralho, viu, menino amarelo?

Syll Mercês disse...

Síntese do que o ser humano se tornou hoje.... muito bom mesmo!