Ah, nossa costume de
fazer heróis...
Há mais ou menos um mês
e meio começou o julgamento do mensalão e, logo, o ministro Barbosa ganhou
destaque tanto por seu histórico de vida quanto pelo seu julgamento aparentemente
inflexível e correto, satisfazendo grande parcela da população brasileira. Ele
logo seria chamado de Batman e “herói da toga preta”. Depois de poucas semanas
seus colegas também começariam a ser chamados de heróis por alguns, virando
assim “os vingadores patriotas”. Eu nunca concordei com essa postura, nunca.
Quando se faz de alguém
um herói presume-se que todas as suas atitudes são norteadas por motivos
nobres, por intenção de fazer o bem supremo acima de tudo. Presume-se uma certa
ausência de “defeitos” (se é que podemos usar esse termo) e a impossibilidade
de não agirem com o bem em seus corações. Em resumo: nós, lindos seres humanos,
não podemos ser heróis.
Agora, desde o início
dessa semana, os heróis se tornaram renegados e o julgamento do mensalão, antes
visto como o nobre campo de batalha dos nossos heróis, agora é o cadafalso dos
temerários e hipócritas assassinos de índios.
Não há mais vingadores.
Não há mais Batman. Não há mais patriotismo.
Ahh, nossa moral de
folhetim...